terça-feira, 26 de outubro de 2010

Anti-depressivo

Gente, velejar é o melhor anti-depressivo que existe!

Há alguns anos passei por uma situação bastante complicada, perdi meu irmão mais velho que era meu melhor amigo, meu conselheiro, meu guia, meu companheiro de viagens, meu suporte, ele era meu mundo. Um dia o grande coração daquele japonês cabeçudo parou... Nem pude me despedir... Na época transformei meu namorado no meu novo suporte, mas exagerei na dose, acabei jogando em cima dele toda a responsabilidade pela minha felicidade e descontei somente nele toda a minha carência. Bom o resultado não poderia ter sido outro, nós terminamos o namoro, porque um certo dia ele não aguentou mais. Mas em menos de um mês já estávamos juntos novamente, colocamos todos os pingos nos "i's"... Eu aprendi um bocado sobre não ser tão ciumenta, nem possessiva. Mas uma coisa ficou dentro de mim e isso eu não tive como controlar... Eu logo entrei em depressão!

Ninguém entendeu nada, porque quando eu entrei em depressão já fazia mais de um ano da morte do meu irmão e já tinha alguns meses que estava tudo as mil maravilhas no meu relacionamento com meu namorado... Mas esse tipo de coisa não é assim tão lógico e cronologicamente certo, né?! Eu tinha perdido o meu irmão, que era o meu mundo e consegui me reerguer e seguir em frente porque transformei meu namorado no meu suporte, imaginem a bagunça na minha cabecinha quando o meu namorado (novo suporte), também saiu da minha vida. Meu mundo caiu, eu percebi que a minha vida não tinha bases sólidas, que toda vez que eu achava que tudo estava caminhando bem, simplesmente alguma coisa podia acontecer de uma hora pra outra e roubar o meu chão de mim!!!

Na época eu procurei ajuda profissional e foi o meu psicólogo com seus florais que me "consertou". Eu logo me vi curada, mas o psicólogo me alertou que essa não é uma doença da qual a gente simplesmente se livra assim, e que de tempos em tempos, se eu não tomasse cuidado, poderia ter recaídas. Mas ele disse que eu mesma poderia tentar me curar sozinha e somente quando percebesse que não conseguiria mesmo, daí poderia procurá-lo novamente. Desde lá, de tempos em tempos, de fato, eu tive algumas recaídas... Mas sempre saía com a ajuda do meu namorado e da minha família.

Mas recentemente, descobri que a vela é um ótimo anti-depressivo!! Nas minhas últimas crises, foi sempre velejando que eu me curei... Aliás, meninas, velejar é bom até pra combater a TPM, sabiam?! Teve um dia em que eu estava muuuuuuito mal humorada por causa da TPM, daí fui velejar de cara azeda, mas pouco depois, quando fui ver, já estava sorrindo durante a velejada.

Na última velejada, no dia 23 de Outubro de 2010, eu venci mais uma batalha contra a minha mente! Eu estava já há algum tempo sem timonear, porque estava com medo de timonear na represa, e no barco apenas estando eu e meu namorado (eu tinha confiança e adorava timonear sempre que tínhamos um instrutor junto). Nesse sábado eu fui direitinho no leme, fiz bordos, peguei traveses e alhetas, enfim, consegui vencer o medo!

E foi tão deliciosa a sensação de que sou capaz de enfrentar tudo... Sem dúvida a vela já tinha um papel imortante na minha vida, mas depois desse sábado, posso dizer que a vela está salvando a minha vida, está me ajudando a retomar o controle sobre a direção do meu próprio destino.

sábado, 23 de outubro de 2010

Roupinha de velejar

No primeiro post eu já fiz uma descrição do meu "uniforme", mas aqui vou falar um pouco mais detalhadamente...

Pra começar, camisa-dry. A-D-O-R-O roupa dry!! Eu tenho uma coleção, parte que eu mesma comprei na Decathlon, que diga-se de passagem é o paraíso dos artigos esportivos a preços suuuuuper camaradas, né?! A outra parte das minhas roupas dry é ganhada, tenho da Reebok e algumas de marcas genéricas, porque as pessoas que convivem comigo já notaram que a vela é uma paixão mesmo e então já me dão presentes de acordo com o que me será útil!

Gosto tanto das roupas dry que já nem uso só para velejar, 3 vezes por semana eu pratico pilates em um estúdio aqui perto de casa, meu uniforme básico de ir para o pilates também é calça fusô com blusa dry! Outro dia fui até para um evento de esportes, o Adventure Sports Fair, que aconteceu pelo segundo ano consecutivo aqui em São Paulo, fui de roupa dry também, porque nesse evento existem atrações interativas, daí é claro que eu preferi uma roupa que me permitisse uma movimentação melhor, sem falar da agradável sensação de estar sempre seca.

O meu namorado já usa camisa-polo-dry até para trabalhar! E lá no Japão, minha família me contou que virou a maior moda, porque como lá eles não dispõem de muitos espaços para secar roupas e a maioria das pessoas moram em apartamentos, então tudo o que seca rápido é bem vindo!

E agora um aspecto menos esportista e mais "de menininha" (risos) é que essas roupas dry com elastano que estão saindo agora são ÓTIMAS!!! Elas marcam o corpo da gente deixando com as formas bonitas. Elas permitem movimentos mais livres, secam rápido e ainda nos deixam tão femininas!!! (risos)

Voltando a falar da Decathlon, gente, aquela loja é uma perdição!! Eu só conheço duas, por enquanto, a do Morumbi e a de São Bernardo do Campo, mas ambas são maravilhosas!! A do Morumbi é maior, mas como a de São Bernardo fica a aproximadamente 15 minutos da minha casa, é claro que é a minha preferida... (risos) Eu e o meu namorado entramos nela e se deixar, passamos o dia inteiro lá. A gente olha corredor por corredor, prateleira por prateleira. Além de amar velejar, a gente adora acampar, viajar de mochilão, e vez por outra nos aventuramos em um ou outro tipo de esporte... Então sempre que vamos na Decathlon, temos que tomar cuidado para não sairmos pobres de lá, porque embora as coisas sejam, de maneira geral, bem baratas e de boa qualidade, de coisinha em coisinha, a gente enche o carrinho e daí acaba virando um passeio caro!

Quanto ao boné: sempre uso! Por que? Simples... Porque na primeira velejada da minha vida, achei que não precisava de chapéu, fui sem. Passei protetor solar no rosto e no corpo, e como tenho bastante cabelo, pensei que era frecurite colocar chapéu. Ao final do dia, quando fui tomar um banho, eu não conseguia lavar o cabelo, porque escorria uma lágrima de cada olho, com a dor que eu sentia a cada vez que eu tocava no couro-cabeludo! OK. Aprendi a lição. NUNCA MAIS saio pra velejar sem chapéu. Daí, sempre prendo o meu boné preferido (o que eu ganhei do Winston, da Ilha Sailing Ocean School) com um lais de guia no meu top. Por que? Simples... Porque um dia, na represa Guarapiranga, estava com meu namorado velejando e ele estava com o boné preferido dele, o que ganhamos na regata da RISW, daí o vento deu uma rondada, a retranca foi... e o boné também!! Tudo bem que a gente fez uma adaptação do ditado popular e dissemos:"bem, ao menos vão se os bonés e ficam-se as cabeças!!" (risos) Mas o coitado do meu namorado ficou meio triste com isso... Depois desse dia aprendemos a sempre prender o boné e o óculos de sol, porque eles costumam sair voando por aí!

Sapatilha: eu gosto de uma que comprei na Outlet da Reebok por R$50,00!! (risos) Mas o meu namorado usa uma de neoprene que ele comprou na Decathlon. A dele tem a sola de borracha transparente, que (teoricamente) não escorrega e não risca o chão do barco. Mas a verdade é que outro dia ele até deu uma escorregadinha... Eu uso a sapatilha principalmente pelo fato de eu ser diabética, então tenho que tomar muito cuidado com meus pés. Já o meu namorado usa a sapatilha porque algumas vezes, sem ter proteção nos pés ele chegou até a perder a sensibilidade nos dedos dos pés, por causa do frio, desde então sempre que começa a esfriar ou conforme vai ficando mais tarde, ele logo coloca a sapatilha de neoprene.

Já que falei das sapatilhas, as luvas acabam sendo mais ou menos parecidas. Temos 2 pares cada um, uma para os dias quentes, de um tipo de couro e sem as pontas dos dedos e a outra de neoprene que a gente usa nos dias frios, pois ajuda bastante a aguentar o frio. Mas nessa de neoprene, de dedos inteiros, nós estamos prestes a cortar as pontas do dedo indicador e do polegar, porque é muito ruim de fazer e desfazer nós com ela. Tem uma da Musto que já vem, exatamente, com esses dois dedos sem as pontas, mas normalmente os artigos da Musto são bem caros, né?!

Os óculos de sol a gente comprou em loja de equipamentos de proteção individual (EPI). Eu paguei R$18,00, ele protege super bem do sol, do impacto do objetos e até de água que vem no rosto. E o melhor de tudo é que ele é bonitinho!!! Já foi a época em que esse tipo de coisa era feia, era só funcional, mas até os homens deveriam ter vergonha de usar, porque definitivamente não eram bonitos. Agora não!! Tem alguns modelos que são bem bonitinhos... E dá até pra ter o óculos de lente transparente também, que além de proteger os olhos de objetos que possam vir voando em nossa direção, nos dias nublados eles são ótimos para proteger os olhos dos respingos de água.

Normalmente uso também um top por baixo da camisa dry, porque sempre que vou praticar qualquer tipo de esporte, gosto de usar os sutiãns da Decathlon para prática de esportes, eles realmente dão ótima sustentação e respirabilidade, mas o defeito é que são um pouco transparentes, então só para não dar show por aí, coloco um top desses baratinhos que tem nessas lojas de baciada no centro da cidade.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cuidados com a pele

Conforme prometi, aqui começa a saga dos meus cuidados de beleza para tentar manter a graça feminina mesmo nas condições adversas que a vida na vela pode oferecer...

Pra começar, protetor solar. Para o corpo, eu particularmente, gosto bastante do L'oreal fator 30. Gosto dele porque ele tem aquele efeito de anti-idade, isso para mim é interessante, porque quando eu era mais novinha, odiava usar protetor solar, gostava mesmo era de ficar tostando no sol, voltava de qualquer feriadinho na piscina ou na praia, com aquelas marcas bem definidas de biquini para ficar me exibindo para as amigas. Um dia, vi a minha avó sem roupa e descobri que o que dizem os dermatologistas, os esteticistas, e, quem diria, até a minha mãe (risos) era verdade: sol causa envelhecimento! As partes do corpo da minha avó que estavam sempre cobertas por roupas, portanto, que pegavam pouco ou nenhum sol, eram super branquinhas, lisinhas, sem rugas nem manchas!!! Bem diferente do que aparentava o restante do corpo dela, em seus plenos oitenta e tantos anos. Foi aí que eu descobri que eu estava em débito com a minha pele e precisaria de alguma forma me redimir. A maneira mais prática e barata que encontrei foi o L'oreal fator 30 com ação anti-idade.

Para o rosto eu uso o hidrafil anti-aging, com fator de proteção 24. Não sou maluca por coisas anti-idade, não, mas acontece que esse protetor é mesmo fantástico para o rosto! Depois de algumas aplicações já dá para notar que ele restabelece parte do colágeno perdido, deixando a pele do rosto com uma aparência mais firminha. Isso, sem falar que ele também hidrata e, obviamente, protege do sol! E tem um perfume delicioso... É o meu eleito tanto para as velejadas quanto para o dia-a-dia!

O L'oreal para o corpo não é tão caro, fica mais ou menos na mesma faixa de preço que outros protetores solares desses mais populares. Mas o hidrafil já tem um preço um pouco mais salgadinho, eu paguei R$42,00 em uma embalagem de 30g na Drogaria São Paulo. No entanto, como eu disse, ele é muito bom! Para mim, vale o preço...

Depois de cada velejada a hidratação da pele também é super importante, né?! Senão a pele vai ficando áspera e daí não adianta toda aquela coisa de proteção contra o sol se a gente vai deixar tudo enrugar mesmo... (risos). Para a pós velejada, eu gosto do hidratante de macadâmia da Natura, que além de deixar a pele super gostosa, ainda tem um perfume suave, muito bom. E para o rosto eu uso um hidratande da Clinique, o mais barato que tem, que já é muito bom, de rápida absorção e tal. Eu odeio ficar um tempão com aquela sensação de estar toda besuntada de hidratante!

E para o durante a velejada. É fato que às vezes fica mesmo inviável tomar banho todos os dias quando se está embarcada, né?! E o Winston, meu instrutor de vela oceânica, deu a dica de usar lencinhos umedecidos, aqueles de bumbum de nenê, para fazer uma espécie de banho de gato, só para a coisa não ficar muito crítica. Bom, quando eu era bebê, era alérgica a esses lencinhos e acabei descobrindo, durante uma velejada, que ainda sou! Além da coceira, a minha pele ficou suuuuuuper ressecada. Achei que era só comigo, mas depois meu namorado também comentou comigo que aqueles lencinhos deixaram a pele dele super ressecada. Daí, eu descobri a solução para o nosso problema!! São os lencinhos umedecidos da Nívea, específicos para o rosto, mas que além de deixar a gente com um perfume super gostosinho, ainda hidratam a pele!! Uhuuuu...

Três vivas para as peles macias!!! VIVA!!! VIVA!! VIVA!! Afinal de contas, mesmo que a gente tenha hematomas e machucadinhos constantes, pelo menos peles macias, hidratadas e com aparênica jovem, a gente pode se garantir, né?!

No próximo post devo escrever um pouco sobre as roupinhas de velejadora...

Até lá e bons ventos!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Velejadoras, uni-vos!

Gente, ser velejadora não é fácil, né?!

Pra começar, tem um monte de gente que não acredita que a gente goste mesmo do negócio, ficam achando que a gente faz isso pelos homens!!! Em segundo lugar, dá um trabalhão fazer a nossa parte, seja como proeiras ou como timoneiras, e ainda manter os cabelos lindos, a pele saudável, as unhas bonitinhas, os pés e as mãos um pouco menos caludos e as pernas quase bonitas (umas bolinhas roxas e outras esverdeadas até que nos deixam charmosas, hein?! - risos). Tudo isso e ainda tem a depilação que tem que estar em dia, a árdua tarefa de usar os banheiros a bordo, isso sem falar nas vezes em que temos que passar dias sem um banho decente!!!

Mas tudo isso vale muito a pena, né?! Eu pelo menos, A-D-O-R-O a sensação de estar no veleiro bem adernadinho, com os esguichos de água batendo no rosto, básicamente ouvindo só o som da água de encontro ao casco e do vento cortando as velas. Acho delicioso ficar ali quietinha, com a escota da buja na mão, ou às vezes no leme, mas em silêncio, só curtindo as paisagens e com os meus pensamentos indo looooonge!

Acho as regatas bastante interessantes, mas não são a minha vida, não. Para mim são uma brincadeira gostosa e uma oportunidade fantástica de conhecer mais gente do mundo da vela, compartilhar experiências, e ficar admirando os veleiros alheios... Mas eu sempre fico muito feliz quando vejo mulheres nas equipes de regata ou quando vejo equipes inteiras de mulheres. Eu fico super orgulhosa, de nós mulheres estarmos ocupando um espaço, no mar, na represa, no rio, no lago ou seja lá onde for, que historicamente era ocupado apenas por homens. Na verdade, até hoje existem algumas culturas que consideram que ter mulheres a bordo dá azar, né?! (quanta besteira!)

Afinal, o que nos falta em força bruta, nos sobra em inteligência, jeitinho, flexibilidade e determinação! Não estou dizendo que os homens não tenham também esses outros atributos, mas é fato que nós mulheres aprendemos a nos adequar muito bem utilizando de outras qualidades, aos universos que antigamente eram dominados apenas pelos homens. E somos melhores do que eles em nos mantermos lindas e cheirosas mesmo com todas as dificuldades de conseguir isso velejando! (risos) Podem ver que os homens chegam de longas velejadas exibindo aquelas barbas imensas e cabelos horrorosamente emaranhados, ás vezes com os dentes imundos e eles mesmos fedidos! Agora vejam as mulheres, que exemplo de capacidade de velejar e continuar sendo mulheres, lembram-se da Izabel Pimentel?! Travessia do Atlântico é fichinha, quero ver chegar linda e poderosa como ela chegou!!

Nos próximos posts vou começar a contar um pouco dos meus truques para continuar velejando, mas sem perder a graça! (risos)

Até lá, e bons ventos!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Aprendendo a velejar

Bom, sendo bem sincera, o começo não foi fácil! Não na prática mesmo de aprender a velejar, mas na parte de superar o medão que eu tinha!


Eu sempre fui uma menininha muito urbana, mesmo adorando passar as férias em sítios, acampamentos e na praia, mas para mim a vida sempre foi cheia de cuidados e mais na cidade mesmo! Com 6 meses de vida fui pela primeira vez para São Sebastião (litoral norte de São Paulo), depois disso, ia sempre com a minha família e com amigos. Morava perto da represa Billings, então sempre ia pescar com meu pai e meu irmão. Em resumo, não deveria ter tanto medo de água, mas como não aprendi a nadar já desde pequenininha, eu entrava em pânico só de pensar em ficar em qualquer lugar que não desse pé!

Eu decidi fazer aula de vela para incentivar meu namorado que durante 4 anos de namoro repetia o "mantra": "... quero fazer aula de vela, porque quando nós formos velhinhos vamos morar num veleiro e dar a volta ao mundo...". Mas ele sofre de pão-durice crônica, então ele sempre adiava a aula de vela. 

Por ele eu marquei as aulas na Associação de Vela de São Sebastião. Eu fui, tendo a certeza de que depois da primeira aula ele ia pegar o gosto e seguir sozinho porque eu certamente desistiria. Mas o Fernando Freitas, nosso instrutor foi ótimo! Logo depois da aula sobre as partes do barco, sobre como montar o dingue e tal, fomos para a água e apesar do meu pavor, logo percebi que não só já estávamos velejando, como também, quem estava no leme era eu mesma! E tudo estava correndo tão bem... Aprendemos a fazer bordos e na volta para a praia, pegamos uma popa, foi super gostoso. 

Magicamente eu AMEI!! Voltei para casa pensando na próxima aula, ansiosa, não de nervoso, mas de empolgação.

Depois da experiência de monotipo, da superação do medo de água, de ter sobrevivido à aula de descapotagem, de ter aprendido a fazer contrapeso (e de ter constatado que eu estava muito mal de abdominais) etc. Decidi que no feriado seguinte a aula seria de vela oceânica, nada contra os pequenos monotipos, mas eu cheguei à conclusão de que deveria tentar logo aprender na vela oceânica por ser, de fato, o objetivo que eu e meu namorado queríamos alcançar, pois as aulas de vela eram justamente para poder passarmos nossa velhice em um veleiro dando a volta ao mundo!

Foram 3 aulas (curso básico, curso de regata e curso intermediário com pernoite a bordo) de vela oceânica na Ilha Sailing Ocean School, com o Winston como instrutor, depois teve a regata da Rolex na Semana de Vela de Ilhabela e ainda uma volta a Ilhabela. 

Na Represa Guarapiranga o Erom, do Veleiro Gigante foi o instrutor, que passou a noção dos ventos que não param de rondar lá na represa, os perigos e os lugares bons de velejar, de qual direção vem o melhor vento para nós iniciantes velejarmos lá. Sem falar no super incentivo do Erom para a compra do meu próprio veleiro.

Enfim, eu tinha tudo para não gostar de velejar e no entanto, acabei amando isso tudo. Tenho planos de morar a bordo de um veleiro com o meu namorado, já tenho um pequeno veleiro monotipo, com o qual, passo meus fins de semana e feriados me divertindo com meu namorado na represa, mudei minha vida! E lógico que já passei por calmarias tenebrosas com sol escaldante na cabeça, lógico que já enjoei algumas vezes a bordo, lógico que já me machuquei em um bocado de situações, mas velejar é tão bom, mas tão bom, que eu continuo voltando a velejar...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Velejadeira

Meu "uniforme" é uma camisa dry de manga longa, calça fusô dry; boné (da Ilha Sailing Ocean School) amarrado no meu top com um lais de guia; óculos de sol (comprado por R$15 em uma loja de equipamento de proteção individual, que inclusive protege meus olhos do impacto de algum objeto que venha na minha direção); protetor solar (pelo menos com fator de proteção 30, mas isso é o mínimo, porque atualmente a preferência mesmo é um anti-aging que hidrata e protege ao mesmo tempo); luvinhas (tenho dois pares, um sem as pontas dos dedos, de um tipo de couro leve, para os dias quentes, e o outro é de neoprene, todo fechado até a ponta dos dedos, para os dias frios); e sapatilha (branquinha para não marcar o chão do barco, mas muito fofinha, lindinha, super respirável e confortável, da Reebok). Mas essa sou eu hoje, aos 26 anos de idade, com as pernas cheias de hematomas causados pelas mudanças de bordo; com o abdome mais firminho do que nunca, de ficar fazendo contrapeso para o lado de fora do barco; com as mãos ásperas e cheias de calinhos de aduchar cabos e trimar velas;  e com uma felicidade maior que o oceano!

Meu filho tem 13,5 pés e se chama Saltimbanco, o pai do meu filho também tem 26 anos, é um caiçara das Alagoas, um apaixonado pelo mar, assim como eu. Nós nos auto-denominamos "velejadeiros" porque consideramos muita pretensão nos proclamarmos "velejadores" quando ainda há tanto para aprendermos, e muito mais para chegarmos aos pés do nossos ídolos, eles sim, "velejadores"!

Essa sou eu "velejadeira", mas nem sempre foi assim...

Eu costumava ser uma patricinha, com unhas imensas e sempre muito bem feitas, com desenhos e até com piercing; usava muita maquiagem; vivia cheia de penduricalhos (brincos, pulseiras, tornozeleiras, anéis etc.); não repetia roupa; ainda por cima era sedentária e minha alimentação era uma lástima; gastava dinheiro em bolsas e sapatos de salto; tinha piercing de umbigo; e meus penteados eram sempre um evento à parte!

Esse blog não é o relato da minha transformação, é, sim, um meio de compartilhar minhas experiências no mundo da vela, minhas superações, meus aprendizados, dicas de livros e equipamentos, links interessantes e, principalmente, um lugar para quem sabe, influenciar mais meninas a entrarem nesse mundo da vela, infelizmente, ainda tão carente do toque feminino.

Bons Ventos!